>> ENTENDENDO AS TENDÊNCIAS ATUAIS DA ASTROLOGIA
"A Astrologia é arquetipicamente preditiva, não evento-preditiva".
(Richard Tarnas)
No início do século XX, sob forte influência do pensamento do psiquiatra e psicólogo suíço, Carl Gustav Jung (1875-1961), começou a surgir uma astrologia de abordagem psicológica, mais focada no modo básico de ação dos indivíduos que em predizer fatos 'externos' de suas vidas. Ao entrar em contacto com a linguagem astrológica, Jung chegou a afirmar que esta representava uma verdadeira síntese de todo o conhecimento psicológico da Antiguidade.
Jung sabia que todo mito é uma teoria da vida para a cultura a que pertence; sabia também que todo mito se cria e difunde por vias simbólicas, e que a maneira mítica de explicar o mundo foi a primeira forma cognitiva posta em prática pelo ser humano. Entre as práticas simbólicas pesquisadas por Jung, está, certamente, a Astrologia.
Jung não intenta 'reinventar' a astrologia, de forma alguma. Ele apenas percebe que, na simbologia utilizada, a astrologia conseguiu 'descrever' de maneira muito perspicaz alguns dos principais elementos da vida e do viver humanos, em suas organizações arquetípicas. Se a linguagem astrológica não fosse simbólica, essa descrição arquetípica da vida/viver humano seria impossível.
Astrólogos importantes começaram a se sensibilizar para esta nova possibilidade de utilização da astrologia, entre os quais podemos ressaltar (a) Dane Rudhyar (1895-1985) - que, com sua astrologia humanista, fez brilhantes aproximações téoricas e práticas entre psicologia e astrologia (cf. obras como Astrologia da Personalidade, Um Estudo Astrológico dos Complexos Psicológicos, A astrologia e a psique moderna, A astrologia da transformação, todas publicadas em português pela Editora Pensamento); (b) Margaret Hone (1892-1969) e Jeff Mayo (1921-1998) - ambos presidiram a Faculty of Astrological Studies, inglesa, e se destacam pela concisão e pragmatismo com que conseguiram amalgamar conhecimentos astrológicos e psicológicos, a fim de fazê-los funcionarem como um organismo único; (c) Stephen Arroyo (1946-) - psicólogo de formação, também buscando integração entre a astrologia e a psicologia; correspondeu-se por muito tempo com Dane Rudhyar; (d) por fim, nos anos 1980s, a dupla Liz Greene (ainda viva) e Howard Sasportas (1948-1992), ambos astrólogos e psicólogos de formação junguiana, viria a liderar formalmente uma escola de astrologia psicológica, cuja sede ainda é no Reino Unido, e tem a coordenação principal de Liz Greene. A dupla realizou, e L. Greene ainda realiza, diversos seminários sobre temas astro-psicológicos, sendo que a maioria deles se transformou em livro.
Astrologia tradicional
- Interessa-se por fatos concretos da vida de uma pessoa, que o mapa possa indicar; procura prever e descrever fatos externos concretos.
- O mapa astrológico revela-se como um oráculo , um instrumento divinatório.
- O astrólogo assemelha-se a um guru, um indicador de caminhos.
- O cliente está a mercê do seu destino, e pouco pode fazer sobre ele, exceto perguntar ao astrólogo "O que vai acontecer comigo?".
Astrologia de abordagem psicológica
- Interessa-se por estruturas arquetípicas do psiquismo humano, representadas pelos mapas astrológicos; trabalha com possibilidades de ser, com tendências e predisposições, de forma análoga ao funcionamento de nosso código genético, em relação a nossas características essenciais. Nossos gens não definem 100% do que somos, mas indicam fortemente nossas principais predisposições físicas e psíquicas.
- O mapa astrológico coloca-se como uma representação simbólica, arquetípica, da psiquê humana. Indica como determinado psiquismo funciona, e como o portador desse psiquismo tende a ver/viver o mundo e a si mesmo.
- O astrólogo assemelha-se a um médico radiologista, que vai descrever a estrutura interna de alguém.
- O cliente tem responsabilidades em relação à sua vida, e é um ator no palco do seu destino. Aumenta a consciência sobre si mesmo com as informações que o astrólogo lhe dá, e, assim, pode tomar suas decisões de maneira mais lúcida e consistente.
Diferenças e semelhanças
- A diferença essencial entre esses dois ramos da astrologia se dá na forma como abordam a interpretação dos dados astrológicos, e não nos fundamentos técnicos de que se valem para obter esses dados. Assim é que os elementos simbólicos e sua constituição continuam os mesmos, numa e noutra astrologia - muda, sim, a maneira de interpretá-los.
- Ao estudar astrologia de abordagem psicológica/humanista você terá acesso a todos os princípios e conhecimentos que a astrologia consolidou ao longo de seu tempo de existência, como em qualquer outro curso de formação astrológica - apenas que a utilização desse material aprendido terá, em nossos estudos, um foco e direção diversos que os professados pela astrologia tradicional.
O mapa astrológico como instrumento de referência e orientação
Cada um de nós tem um caminho e um papel no mundo. O mapa astrológico nos esclarece muito desse caminho e desse papel. Quando seguimos nossa natureza essencial, mesmo nas partes difícies de nosso caminho, encontramos recursos para crescer e continuar crescendo sempre. Por isto a astrologia nos ensina que a melhor maneira de sermos felizes e auto-realizados é sermos nós mesmos do modo mais saudável que pudermos. E é nesse sentido que a astrologia se faz tão útil - mostrando-nos necessidades, habilidades e potenciais inerentes à nossa identidade, à nossa natureza essencial, a serem, tanto quanto possível, desenvolvidos e realizados, para o bom cumprimento de nossa totalidade individual.